Exposições cada vez mais imersivas fazem parte do futuro do lazer (Foto: Divulgação)
Nem só de metaverso vive o futuro do entretenimento. Um software que gera músicas personalizadas para atividades específicas, como ter mais foco ou obter relaxamento; uma mostra que combina áudio 360°, efeitos de luz, vibrações no piso e sistemas de aromas; um hotel com reconhecimento facial e assistente que funciona por coomando de voz em todos os quartos. Esses são apenas alguns exemplos do que vem por aí.
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O mergulho no mundo virtual, porém, será inevitável - seja na hora de experimentar jogos épicos, assistir a shows interativos, comprar roupas de grife ou simplesmente marcar um encontro com os amigos no bar - cada um com seu devido avatar. Conheça as empresas que já estão construindo esse futuro e comece a imaginar como serão suas férias daqui a 3, 5 ou 10 anos.
Animoca Brands | Hong Kong | Fundação 2011 A Animoca Brands é a dona do The Sandbox, plataforma descentralizada que utiliza tokens não fungíveis e tecnologia blockchain. Em 2018, a empresa adquiriu a Pixowl, desenvolvedora do game, por US$ 4,8 milhões. Como uma das principais apostas do metaverso, o jogo atraiu um investimento do SoftBank, em novembro de 2021, no valor de US$ 93 milhões. Ele também chamou a atenção do Warner Music Group, que está trabalhando em um parque temático na plataforma, e do HSBC, que adquiriu um terreno virtual.
Decentraland | China | Fundação 2017 A Decentraland se descreve como uma plataforma de propriedade de seus usuários. Com imersão por meio de um headset de realidade virtual, é possível explorar espaços, criar experiências, encontrar amigos e comprar terrenos virtuais por meio do blockchain Ethereum, criando um registro imutável de posse. Em novembro de 2021, um terreno foi vendido para a empresa Tokens, pelo valor recorde equivalente a US$ 2,4 milhões em criptomoedas. O ambiente virtual também hospedou a primeira Semana de Moda no Metaverso, em março deste ano, com a participação de marcas como Forever 21, DKNY e Estée Lauder.
Wave | Estados Unidos | Fundação 2016 A Wave cria experiências virtuais interativas focadas em apresentações musicais ao vivo. Em maio de 2021, recebeu um investimento do Warner Music Group, cujo valor não foi divulgado, para desenvolver performances e experiências virtuais.
Epic Games | Estados Unidos | Fundação 1991 A menina dos olhos da Epic Games é o Fortnite. Mesmo lançando outros games bem-sucedidos, como Fall Guys e Battle Breakers, não tem como comparar: o jogo se tornou o mais popular do mundo, com cerca de 350 milhões de usuários ativos. Ele oferece vários modos de jogo (Salve o Mundo, Battle Royale, Criativo, Festa Royale) e interação, inclusive na própria comunicação entre os jogadores, por voz e mensagem. Na pandemia, expandiu o seu lado “rede social” e inaugurou, em setembro de 2020, uma série de shows virtuais gravados num estúdio em Los Angeles. Os usuários já puderam assistir a performances de Ariana Grande, Travis Scott e Dominic Fike. O objetivo da plataforma é construir seu metaverso, inclusive contemplando parcerias inovadoras com outras marcas, como a Lego e o festival Coachella. Em abril de 2021, a empresa captou US$ 1 bilhão em uma rodada de financiamento e, um ano depois, recebeu US$ 2 bilhões de investimento da Sony e da holding familiar Kirkbi, dona do Grupo Lego. Atualmente, seu valor de mercado é de US$ 31,5 bilhões.
Naver Z | Coreia do Sul | Fundação 2018 A Naver Z criou a plataforma de realidade virtual Zepeto, que pode ser usada como metaverso e permite ao usuário criar seu avatar personalizado. Além de um local de encontro para amigos, ela também tem sido utilizada por estrelas da música para conhecer fãs, como foi o caso da banda de k-pop Blackpink. Após um investimento de US$ 150 milhões do SoftBank, em novembro do ano passado, a empresa se tornou um unicórnio. A plataforma afirma ter mais de 300 milhões de usuários em mais de 200 países ao redor do mundo.
Loud | Brasil | Fundação 2019 Para a Loud, jogar é coisa séria. A empresa trabalha com treinamento de times de e-sports para disputar campeonatos, agenciamento de influenciadores, eventos, projetos patrocinados e marcas de roupa e lifestyle. Com 38 atletas profissionais, a empresa é a maior desse segmento no país e tem projetos ambiciosos de capacitar pessoas para atuar no setor e expandir a operação para outros países.
Roblox | Estados Unidos | Fundação 2004 Descrito muitas vezes como uma espécie de metaverso primitivo, o Roblox é um mundo virtual no estilo “sandbox” que oferece aos gamers a possibilidade de criar jogos do zero. Atualmente, são mais de 11 milhões de experiências no catálogo, voltadas principalmente para o público infantil, e 55 milhões de usuários ativos no mundo. No Brasil, a presença é grande: o site PlayerCounter coloca o Brasil no segundo lugar em número de usuários na plataforma, atrás apenas dos Estados Unidos. O CPO da empresa, Manuel Bronstein, estima que os brasileiros passem 880 milhões de horas no Roblox a cada três meses. “Os produtos sociais e de mídia parecem ser sempre bem-sucedidos no Brasil”, afirmou a Época NEGÓCIOS. “Estamos no começo. Estamos crescendo rapidamente, mas quando você olha para outras plataformas, como o YouTube, com 1 bilhão de usuários, dá para a gente dizer que ainda temos espaço para crescer.” No ano passado, o Roblox fez um IPO e alcançou um valor de mercado de US$ 38 bilhões.
Henn na Hotel | Japão | Fundação 2015 Uma nova fronteira para o turismo está sendo definida no Japão. Certificado pelo Guinness World Records como o primeiro hotel com robôs de trabalho, o Henn Na Hotel é repleto de tecnologias para complementar a experiência dos hóspedes, como o acesso aos quartos com reconhecimento facial e sistemas de luzes automáticas, que desligam quando os cômodos estão vazios. Tudo isso acompanhado de perto pelo Chu-ri-Robo, um sistema operacional que funciona por comando de voz em todos os quartos. Além disso, 90% das tarefas internas do hotel são realizadas por robôs. Em seu primeiro ano, 50 mil pessoas se hospedaram no local. A experiência mostrou suas limitações e, mais recentemente, o hotel voltou a contratar funcionários de carne e osso para recepcionar os hóspedes, por exemplo, ao lado dos robôs com aparência de velociraptor. Os robôs continuaram, porém, ativos no vai e vem de malas, dos quartos até a recepção.
Illuminarium Experiences | Estados Unidos | Fundação 2019 Uma experiência totalmente imersiva, com projeção interativa 4K, áudio 360°, vibrações no piso e sistemas de aromas. Essa é a proposta da Illuminarium Experiences, que cria entretenimento experiencial em larga escala em teatros – chamados Illuminariums – ao redor do mundo. Após um investimento inicial de US$ 100 milhões da gestora de capital de risco Eldridge, o fundador e CEO, Alan Greenberg – um empreendedor serial que também criou a escola Avenues em 2013 –, lançou a primeira atração em 2021. No primeiro teatro próprio aberto em Atlanta, nos Estados Unidos, a experiência era um safári na África. O sucesso foi tanto que o segundo espaço já foi aberto, em janeiro deste ano, em Las Vegas, onde outra jornada imersiva promete uma viagem “até a Lua e além”. Há planos para um terceiro, em Chicago, em 2023 – e até 30 em outros países nos próximos cinco anos.
Biobots | Brasil | Fundação 2021 Biobots – agência de conteúdo e estúdio de criação de avatares – vem deixando sua marca no metaverso. Fundada há pouco mais de seis meses pelo publicitário brasileiro Ricardo Tavares, 48 anos, a startup já administra uma fila de 70 personalidades brasileiras ansiosas pela criação de seus avatares. A espera é de pelo menos quatro meses. Tavares e sua equipe vão lançar nos próximos meses dois projetos: o Biobox Club, uma comunidade para conectar personalidades, como artistas, atletas e influenciadores digitais; e a Biobots Land, a sua réplica do mundo real no metaverso, onde as pessoas vão se encontrar, se relacionar e fazer negócios.
ÉPOCA NEGÓCIOS Como as novas tecnologias estão ajudando na evolução dos avatares? Ricardo Tavares Nós temos uma equipe de criação altamente especializada. A sofisticação é tanta que contamos com um profissional que desenvolve exclusivamente texturas de pele, e outro que cuida apenas dos cabelos. Uma vez concluído o avatar, desenvolvemos sua personalidade, que pode ser igual ou totalmente diferente daquela da pessoa real. Atualmente estamos investindo em novas tecnologias que vão acelerar a movimentação dos avatares e dar a eles traços mais próximos do ser humano. Mas para lembrar os usuários que existe um mundo real aqui fora, estamos criando o primeiro avatar que vai nascer, viver e morrer.
NEGÓCIOS Como será a Biobots Land? Tavares Ela estará presente na maioria das plataformas do metaverso, mas concentrará os públicos e negócios brasileiros, que são difíceis de serem localizados nesse grande universo. Quando alguém quiser encontrar música, entretenimento e relacionamentos ligados ao Brasil, vai ingressar na Biobots Land. Será também o espaço ideal para as marcas que desejarem fazer lançamentos e interações com seus produtos, pois é lá que estará o seu público. Além de cinemas, shoppings, farmácias e bancos, haverá uma floresta em que ninguém vai poder mexer para que todos saibam que é importante preservar.
NEGÓCIOS A finalidade do Biobox Club, que será lançado dentro de um mês, é ser uma comunidade onde pessoas com os mesmos interesses podem se ajudar? Tavares Esse é um dos objetivos. Será também um canal de informações sobre metaverso, NFTs, influência virtual e blockchain para quem quer se familiarizar com esse mundo. Tem muita gente buscando entender o que isso significa. O Biobox Club vai se tornar um clube de benefícios para influenciadores, em que cada membro terá um NFT exclusivo com acesso ao clube e a todas as informações. Queremos uma comunidade de 10 mil influenciadores, o que implicará no lançamento de 10 mil NFTs. Já temos personalidades que somam 1 bilhão de seguidores.
Lioness | Estados Unidos | Fundação 2013 Com foco no prazer feminino, a sextech Lioness criou um vibrador com biossensores e estatísticas para ajudar a mulher a entender e descobrir seu próprio corpo. O dispositivo está ligado a um aplicativo com informações sobre o orgasmo da usuária e que oferece uma comunidade online de apoio. Após uma rodada de investimento pré-seed e investidores-anjo, o primeiro produto foi lançado em 2017. Quatro anos depois, a marca apresentou o vibrador 2.0, criado com informações de mais de 30 mil orgasmos, que esgotou a produção duas vezes em menos de seis meses.
ByteDance | China | Fundação 2012 Conhecido por criar o TikTok e avaliado em US$ 140 bilhões, o ByteDance é o maior unicórnio do mundo, segundo a CBInsights. Mas a empresa não se restringe ao desenvolvimento do aplicativo de vídeos virais. Ela tem os apps internacionais Helo (descrito como “uma mistura de TikTok com Twitter”), Lark (um mix de bate-papo, calendário e armazenamento em nuvem) e Resso (streaming de música), além das plataformas criadas para o mercado chinês, como Toutiao (notícias e conteúdo interativo), Douyin (versão chinesa do TikTok) e Xigua (no estilo “stories”). Em agosto de 2021, a startup deu seus primeiros passos em direção ao metaverso e comprou a chinesa Pico VR, fabricante de fones de ouvido de realidade virtual, por US$ 1,4 bilhão. Em janeiro, começou a testar o aplicativo social Party Island e, em abril, anunciou planos para uma linha de hardware, conteúdo e software semelhante à da Meta. Seu braço de jogos, o Nuverse, criou o A-Soul, banda de ídolos virtuais. Em 2021, a ByteDance faturou US$ 58 bilhões.
Wildlife Studios | Brasil | Fundação 2011 Com valor estimado em US$ 3 bilhões, a produtora de jogos Wildlife Studios anunciou a expansão das operações para a Web3 no blockchain público Avalanche (AVAX). O estúdio inaugurou o espaço com o Castle Crush, seu game principal, e lançou cartas do jogo como NFTs.
Endel | Alemanha | Fundação 2018 A empresa criou um software que gera músicas personalizadas para atividades específicas, como ter mais foco ou obter relaxamento. O sistema coleta informações como localização, horário, agenda de compromissos, clima, quantidade sono que o usuário teve na noite anterior, frequência cardíaca e, por meio de inteligência artificial, produz sons apropriados para a atmosfera em questão. A tecnologia tem como base a neurociência e pode ser integrada a outras plataformas, como o Twitch, um canal direcionado para sons que estimulam o sono, e a Alexa, da Amazon, que sugere trilhas sonoras para ocasiões específicas. O aplicativo da Endel acumula mais de 2 milhões de downloads e foi nomeado app do ano para o Apple Watch em 2020. Em maio, a Sony anunciou o lançamento de um novo modelo de fones que vêm com o aplicativo, que podem ficar todo o tempo conectados e acompanhando os momentos de quem os utilizam.
Snap Inc. | Estados Unidos | Fundação 2001 A Snap Inc. ficou conhecida por lançar o aplicativo Snapchat, de mensagens multimídia. Na batalha das redes sociais, sua popularidade foi colocada em xeque, com a chegada de recursos semelhantes nas concorrentes, principalmente dos Stories no Instagram e Facebook. Mas a disputa não a impediu de continuar crescendo e criando novidades para o app: no primeiro trimestre de 2022, teve um crescimento de 18% no número de usuários diários ativos, resultado melhor que o do Twitter (15%) e Facebook (-0,05%). A empresa também não se restringiu ao mercado de mídia e decidiu expandir a atuação para o desenvolvimento de dispositivos tecnológicos, como os óculos de realidade aumentada Spectacles e o drone de bolso Pixy. A ideia de ambos é permitir que o usuário tire fotos e grave vídeos sem as mãos. Pesando apenas 101 gramas e com uma câmera de 12 MP, o Pixy é capaz de sobrevoar e seguir seu dono, enviando os registros para a conta no Snapchat. Em 2021, a receita da companhia cresceu 64% na comparação anual, chegando a US$ 4,1 bilhões.
The VR Cinema | Holanda | Fundação 2016 Muito além do cinema 3D, The VR Cinema é uma sala de realidade virtual para exibição de filmes experienciais feitos com câmera 360°, para que o espectador se sinta dentro da história. O espaço conta com telas gigantes, projeção a laser, qualidade de som e imagem. Para quem tiver óculos de realidade virtual, também é possível assistir a filmes de casa, com o aplicativo CineVR, que teve mais de 100 mil downloads na Play Store.
Bande | Estados Unidos | Fundação 2020 Com a pandemia, as pessoas precisaram começar a se exercitar em casa. Nesse momento, a Bande criou uma plataforma que conecta professores e estudantes, em uma experiência descrita como “estúdio boutique em casa”. Oferece mais de cem aulas ao vivo por semana e vídeos sob demanda.
Jellysmack | Estados Unidos | Fundação 2016 A empresa recruta criadores, edita seus vídeos para várias plataformas e gerencia a estratégia para engajar fãs, com tecnologia. Não é a venda de serviços, mas uma parceria, caso o esforço seja bem-sucedido. Entre os investidores do unicórnio está o Softbank.
Genies | Estados Unidos | Fundação 2017 A plataforma da Genies permite aos usuários criar avatares – famosos como Justin Bieber e Shawn Mendes já usaram os serviços da empresa. Agora o unicórnio tem trabalhado em se aprofundar na Web3, em projetos como uma loja de NFTs com a Dapper Labs.
CLMBR |Estados Unidos | Fundação 2017 A CLMBR criou uma máquina de escalada vertical ergonômica, com uma tela sensível ao toque, um sistema de áudio integrado para imersão e aulas sob demanda conduzidas por um instrutor. Há também um aplicativo complementar, que exibe métricas como a distância escalada e as metas de treino alcançadas. A empresa ganhou destaque no setor de tecnologia fitness e atraiu investimentos do rapper Jay-Z e do tenista Novak Djokovic.