Está-se visualizando uma nova era de industrialização com implantação de complexos agroindustriais, mas que nesse cenário de oportunidades se contemple o produtor rural, que muitas vezes fica apenas no início da cadeia
O agribusiness mundial, e aqui no Brasil não foi diferente, durante as últimas cinco décadas avançou a tal ponto de revolucionar a atividade realizada nas granjas e fazendas, de fato, transformando esses negócios em um verdadeiro empreendimento rural, mesmo que o próprio produtor não tenha se apercebido do seu novo papel de empresário rural e não de alguém que está à frente de “um negócio de família”, na produção de alimentos na forma de proteínas animal ou vegetal.
A revolução na esfera tecnológica que invadiu o meio agropecuário acabou agregando valores à matéria-prima proveniente da criação animal e da produção de grãos, integrando o campo à cidade na geração de emprego e renda. Sabe-se que a agropecuária contribuiu diretamente para a industrialização em áreas urbanas destinadas a abrigar as plantas agroindustriais, caso dos complexos frigoríficos e de outros empreendimentos que transformam o que o meio rural produz.
Agora, pode-se estar visualizando uma nova era de industrialização com implantação de complexos agroindustriais, mas que nesse cenário de oportunidades se contemple o produtor rural, que muitas vezes fica apenas no início da cadeia. Aliás, o tema dos complexos agroindustriais como parte do agribusiness já foi defendido por especialistas do setor no início dos anos 80, no Brasil, através de publicações que abordaram o assunto, as quais, ainda que esboçadas de maneira bem abrangente, não dispunham dos recursos, inovações, dados e informações que temos atualmente, após consolidada a Agropecuária de Precisão e também do surgimento do “Agro 5.0”.
A proposta que defendemos é de incluir na implantação dos complexos agroindustriais, dentro das oportunidades que surgiram nos últimos anos, aqueles que estão no início da cadeia produtiva de alimentos, os produtores rurais, para que esses possam agregar renda à sua atividade primária, aproveitando-se de subprodutos da atividade, como é o caso clássico do DDG do milho que foi usado na produção de etanol, negócio tão em evidência no Brasil, “país dos biocombustíveis”, e também dos dejetos animais de confinamentos, que podem ser transformados em adubo orgânico ou organomineral, com a adição do NPK e de outras fontes de cálcio, como a alga marinha lithothamnium, que certamente passará a ser usada em maior escala, seja na formulação de fertilizantes, seja na ração animal.
Dessa forma, se ganha com o grão, ou com a cabeça animal, e se ganha também com a produção de biocombustíveis, de fertilizantes, de insumos para ração, de biogás e até mesmo com o “crédito carbono”. Ou seja, a conta passa a ser muito vantajosa e positiva do ponto de vista econômico, sem contar com o incremento da produção agrícola com ganhos de produtividade na safra.
Qual o produtor de grãos que ao menos não se interessaria em “sentar e avaliar” a oportunidade de investir em uma esmagadora, em uma extratora de óleo de soja, milho, algodão, ou em uma usina de etanol de milho, inclusive com aproveitamento do DDG para ração animal usada em “boitel”, com múltiplos ganhos?
Qual o avicultor que ao menos não se interessaria em “sentar e avaliar” a oportunidade de aproveitamento da cama de aviário peletizada para ser usada na lavoura como fertilizante? Ou qual o suinocultor que não se interessaria em avaliar o aproveitamento do dejeto do plantel, um passivo ambiental que pode se tornar um ativo financeiro se for usado como adubo? Nesse caso, podemos até arriscar a afirmar que “uma gota de dejeto vale mais do um quilo de suíno vivo”, diante da atual crise da atividade, caso se consiga implantar uma fábrica de adubo orgânico após se separar as fases dos dejetos, usando-se a parte sólida estabilizada como fertilizante, e a parte líquida para produção de biogás.
Os complexos agroindustriais têm total viabilidade econômica e ganhos garantidos, inclusive com excelente business plan, como é o caso das usinas de etanol de milho que rendem muito aos investidores, nesse contexto de agregação de valores e geração de novas fontes de renda ao produtor rural e a quem empreende no agronegócio.
No entanto, é preciso que fique clara a relação direta entre os elos da cadeia produtiva, do produtor ao varejo, passando pela agroindustrialização e incluindo todo o processamento e a distribuição. E que se faz necessária uma interação de vários setores e atividades, em um cenário onde o empresário rural seja devidamente recompensado pela produção primária e por sua participação em quaisquer investimentos feitos nas fases seguintes da cadeia, proporcionando-se dessa forma um equilíbrio econômico-financeiro em sua atividade e evitando que a riqueza gerada na propriedade fique nas mãos apenas de quem agrega valores até que o produto chegue ao consumidor final, seja na forma de um biocombustível, de uma fonte de energia, de óleos vegetais, ou de fertilizantes. Porque o que está ocorrendo no campo é um achatamento na margem dos produtores rurais, sendo que em muitos casos ele sequer consegue fazer frente aos custos de produção, cada vez maiores. É isso que estamos propondo que seja analisado com mais profundidade e atenção, que se “sente para avaliar” as oportunidades que existem na forma de complexos agroindustriais.
* Cesar da Luz é Diretor-Presidente do Grupo Agro10, especialista em agronegócios. E-mail: cesardaluz@agro10.com.br
Central de Negócios e Bolsa de Suínos melhoram cenário na suinocultura em MT
Evento promove competitividade para produtores avícolas e suinícolas
Cobb-Vantress debate manejo de machos para melhor fertilidade durantes o Siavs 2022
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Iniciativas implementadas pela Acrismat dão mais competitividade ao setor e visam recuperar os meses de prejuízos registrados pelos suinocultores
Em uma semana de datas comemorativas do agronegócio como o Dia Do Suinocultor (24.07,) Dia do Produtor Rural (25.07) e Dia do Agricultor (28.07), o setor que é considerado a base da economia do país passa mais uma vez por momentos desafiadores e nem todos que fazem parte deste segmento têm o que comemorar. É o caso dos suinocultores mato-grossenses, que há vários meses enfrentam a pior crise da história na atividade, mas que agora começam a vislumbrar horizontes melhores, a partir de ferramentas implantadas pela Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat), como a Bolsa de Suínos e a Central de Negócios.
As iniciativas visam minimizar os prejuízos que assolaram os suinocultores do Estado no 1° semestre, principalmente para os independentes. De acordo com levantamento da Acrismat, nos meses de fevereiro, março e abril os prejuízos por animal vendido ficaram entre R$ 200 e R$ 300, o que causou o fechamento de granjas e o fim da atividade de produtores que estavam há décadas no setor por não suportar os prejuízos.
Diretor executivo da Acrismat, Custódio Rodrigues, explica que o segmento aumentou sua produção em todo o país por conta da crise enfrentada na China, que devido à Peste Suína Africana (PSA) diminuiu drasticamente seu plantel e começou a importar grande quantidade da proteína, aumentando a demanda da carne suína no mercado internacional.
“Além de a nossa produtividade ter aumentado muito houve o aumento no número de matrizes, que chegou a quase 34% no período, o que levou a um excesso de carne no mercado, e consequentemente diminuiu o valor pago ao produtor. Mas, a promessa de que a China continuasse a comprar grande quantidade por muito tempo não se concretizou, e o país asiático logo equilibrou sua produção, o que fez com que o produtor independente daqui, principalmente, sofresse com essa situação”, pontua Rodrigues.
Para tentar melhorar o cenário, em maio a Acrismat iniciou a Bolsa de Suínos, ferramenta que melhorou o ambiente de negociação entre os suinocultores e compradores, e diminuiu a especulação do preço da carne suína no mercado. “Há dois meses começamos a realizar as negociações, que ocorrem uma vez por semana. De lá para cá observamos uma melhora no preço pago ao produtor”, afirma o diretor executivo.
Além do baixo preço pago ao produtor, o alto custo de produção causado pelo elevado preço do milho e do farelo de soja (que juntos correspondem a mais de 80% do volume da ração fornecida aos animais) completaram o cenário desfavorável à atividade. Para dar mais poder de negociação e melhorar a relação do custo de produção, a Acrismat prepara o lançamento de uma Central de Negócios que possibilitará aos produtores realizarem compras coletivas e até mesmo negociar sua produção.
“A Central de Negócios surge para diminuir os custos dos insumos, por exemplo, e possibilitar a realização de compras coletivas, dando maior poder de negociação aos associados na hora de fechar negócio com os fornecedores. A Central vai unir os produtores, trazer benefícios através das ações coletivas e soluções conjuntas para melhorar ainda mais o desempenho das granjas”, explicou o presidente da Acrismat, Itamar Canossa.
O presidente conta que a Central de Negócios está na fase final de implantação e em breve será realizado um evento para apresentar a ferramenta aos suinocultores. Mais uma iniciativa que visa melhorar o ambiente comercial do segmento, e recuperar as perdas registradas nos últimos meses.
Maior exposição comercial do setor conta com apoio do Sebrae para fomentar profissionalização das pequenas propriedades e promover negócios entre pequenos fornecedores
Pequenos e médios fornecedores e produtores de aves, suínos e ovos de todo o país participarão, entre os dias 09 e 11 de agosto, no Anhembi Parque, do Salão Internacional de Avicultura e Suinocultura (SIAVS), o maior evento dos setores no país. Sede da maior feira da avicultura e da suinocultura no Brasil, o SIAVS conta com o suporte do SEBRAE e estimulará a realização de novas oportunidades e investimentos para pequenos e médios empreendedores, desde produtores até empresas do setor, por meio de rodadas de negócios e vendas diretas, além de ações de imagem e valorização da cadeia produtiva.
O evento também contemplará ampla programação voltada para o aprofundamento técnico destes empreendedores. Exemplo disto é o Projeto Produtor, com palestras gratuitas sobre boas práticas, manejo produtivo, sustentabilidade econômica e ambiental da propriedade e reforço de controles para a atividade. Realizado pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o SIAVS será ainda maior que sua edição anterior, realizada em 2019. Sua área comercial foi expandida em 30%, adicionando novos anexos ao espaço tradicionalmente ocupado pela feira.
De acordo com o presidente da ABPA, Ricardo Santin, a promoção de negócios, intercâmbio técnico e fomento aos investimentos em tecnologia ampliará a capacidade competitiva destes pequenos produtores, ao mesmo tempo em que estimula o desenvolvimento dos núcleos produtivos, com potenciais impactos econômicos e sociais. “Estimulando o empreendedorismo e a tecnificação das pequenas propriedades, o SIAVS reforça o seu posicionamento no setor como palco de fomento ao desenvolvimento econômico e social do país, promovendo a realização de investimentos e novas oportunidades de negócios para toda a cadeia produtiva”, avalia o presidente da ABPA, Ricardo Santin.
Além das oportunidades de negócios, o SIAVS sediará o maior congresso técnico do setor, com intensa programação e mais de 100 palestrantes do Brasil e de outros países. O peso político do evento é outro diferencial. São esperadas autoridades dos poderes executivos e legislativos nacionais e dos estados, ampliando o papel do evento como principal ponto de debate dos rumos dos setores.
Em 2019, o evento recebeu mais de 20 mil visitantes de 50 países, com mais de 170 expositores. Nas dezenas de salas do congresso ocorreram as apresentações de mais de 100 palestrantes do Brasil e de outros países para 2,4 mil congressistas.
Saiba mais pelo site www.siavs.com.br.
Médico veterinário falará sobre o assunto no dia 17 de agosto. O SBSS é promovido pelo Nucleovet e ocorrerá no período de 16 a 18 de agosto, presencialmente, em Chapecó (SC)
Nelson Morés explanará sobre biosseguridade no dia 17 de agosto.- Foto: Divulgação
Na produção animal são adotadas diversas medidas para evitar a entrada e a propagação de agentes infecciosos nas granjas. Na produção de suínos não é diferente. Nas últimas décadas, a indústria suinícola atingiu altos níveis de precisão, tecnificação e eficiência produtiva. Porém, a intensificação da produção eleva os riscos de contaminação do plantel, exigindo a adoção de programas de biosseguridade. Entre as ações a serem praticadas estão o isolamento da granja de possíveis focos de vetores de agentes infecciosos, cercamento da propriedade, correta higienização das instalações, vazio sanitário entre os lotes, programa de vacinações, além de rígido controle da alimentação dos animais, práticas de manejo, bem-estar animal, capacitação dos profissionais, etc.
“Biosseguridade: está na hora de parar com o ‘faz de conta’. Será que compreendemos o significado dos desafios sanitários? Uma visão de dentro da granja” é o tema da palestra do médico veterinário Nelson Morés no 14º Simpósio Brasil Sul de Suinocultura (SBSS). Ele explanará sobre o assunto no dia 17 de agosto, às 8 horas, no Painel Biosseguridade.
Morés é formado em Medicina Veterinária em 1980 pelo Centro AgroVeterinário – CAV/UDESC, Lages, SC. Tem mestrado em Patologia Animal pela UFMG em 1983 e curso de aperfeiçoamento prático em ecopatologia (identificação de fatores de risco e avaliação sanitária global de rebanhos suínos) no Institut de Pathologie Porcine, Ploufragan, França, em 1986.
Atuou na Cidasc entre 1982 até junho de 1984, em parceria com a Embrapa, na avaliação da eficiência a campo de vacinas contra doenças em suínos. De julho de 1984 até dezembro de 2019 trabalhou na Embrapa Suínos e Aves no desenvolvimento de pesquisas na área de sanidade suína. Como autor ou co-autor, publicou 4 livros, 39 capítulos de livros, 115 trabalhos científicos completos, 150 resumos publicados em congressos e mais de 135 publicações diversas tipo Embrapa.
Atualmente, atua como consultor autônomo na área de sanidade de suínos, com foco na avaliação clínica-patológica de problemas de saúde em rebanhos suínos, avaliação de causas de condenações em frigoríficos e cursos de necropsia e colheita de materiais voltados ao diagnóstico de doenças em suínos. Atua, também, como multiplicador de material genético suíno.
O 14º SBSS ocorrerá entre os dias 16 e 18 de agosto próximo. Paralelamente acontecerá a 13ª Brasil Sul Pig Fair. O evento é promovido pelo Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet) e será realizado presencialmente no Parque de Exposições Tancredo Neves, em Chapecó (SC), com transmissão on-line ao vivo. A programação científica iniciará na terça-feira (16), às 14 horas, e a palestra de abertura ocorrerá no mesmo dia, às 18h40. Na quarta-feira (17), as palestras iniciam às 8 horas e encerram no fim da tarde, seguidas de happy hour. Na quinta-feira (18), a programação será das 8h às 12 horas.
O presidente da Comissão Científica, Paulo Bennemann, ressalta que cinco painéis nortearão a programação científica nos três dias do SBSS: gestão de pessoas, sanidade, biosseguridade, gestão da informação, nutrição e reprodução. “A temática sobre biosseguridade é sempre importante. Avaliar e refletir sobre os programas adotados é fundamental para garantir medidas preventivas, pois caso aconteça alguma contaminação com agentes infecciosos, os prejuízos econômicos são severos”.
As inscrições para o 14º SBSS estão no segundo lote. O investimento, até o dia 10 de agosto, é de R$ 530,00 para o evento presencial e R$ 440,00 para o evento virtual para profissionais e R$ 400,00 (presencial) e R$ 340,00 (virtual) para estudantes. Após essa data e durante o evento o investimento será de R$ 600,00 (presencial) e R$ 500,00 (virtual) para profissionais e R$ 460,00 (presencial) e R$ 400,00 (virtual) para estudantes.
Na compra de pacotes a partir de dez inscrições serão concedidos códigos-convites. Nessa modalidade há possibilidade de parcelamento em até três vezes. O acesso para a 13ª Brasil Sul Pig Fair é gratuito, tanto presencial quanto virtual, assim como para o pré-evento.
As inscrições podem ser feitas no site: www.nucleovet.com.br.
O 14º SBSS tem apoio da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Santa Catarina (CRMV/SC), da Embrapa Suínos e Aves, da Prefeitura de Chapecó e da Sociedade Catarinense de Medicina Veterinária (Somevesc).
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