A sustentabilidade na iluminação pública

2022-03-02 09:50:45 By : Ms. Florence Liu

Nunca se falou tanto de sustentabilidade. E ainda bem! Não deixa de ser curioso que, hoje, ao olharmos para várias infraestruturas vemos que não são eficientes. As oportunidades de melhoria são muitas, em especial, tendo em conta a tecnologia atualmente disponível.

Historicamente temos construído infraestruturas,com base na tecnologia da época e, com a funcionalidade e economia em mente. Queimar carvão não é a forma mais eficiente e limpa de produzir energia, mas no século XIX era fácil e o carvão abundava. E o mesmo se pode dizer de outras infraestruturas, nomeadamente a da iluminação pública. Hoje temos a consciência que os recursos são finitos e tendem a escassear. Além do mais vivemos um processo de aquecimento global, fruto de uma emissão exagerada de gases que originam o efeito de estufa, sendo o dióxido de carbono CO2, o mais predominante.

Consideremos a iluminação pública, por exemplo. Atualmente é um dado adquirido, não pensamos muito no assunto e tendemos a considerá-la como algo simples, mas a verdade é que é um recurso extenso e suscetível de ser dramaticamente otimizado. Se não deixamos as luzes da sala acesas toda noite, quando lá não estamos, por que razão o fazemos na iluminação das nossas cidades e vilas?

Criada no início do século XIX, usando gás de carvão como combustível, a iluminação pública rapidamente evoluiu para as lâmpadas elétricas. Desde então, temos vindo a instalar os pontos de luz por todas as cidades, estradas e aldeias. Estima-se que existam cerca de 3.5 milhões de pontos de luz em Portugal. Estamos a falar de três milhões e meio de lâmpadas acesas 365 dias por ano, 12 horas por noite...

Já no início do século XXI, com a introdução do LED abre-se uma oportunidade de poupança bastante significativa. A tecnologia de LED permite reduzir mais de 70% o consumo, em relação às lâmpadas tradicionais de vapor de sódio. No caso da ARQUILED, considerando apenas as vendas em 2021, chega-se a uma poupança de 3.6 milhões de euros em energia. E este resultado é apenas uma parte da equação.

Se olharmos para a composição da produção nacional de energia elétrica em 2021, a produção de 1kWh gerou 207g de emissões de CO2. Numa estimativa simples, as vendas de luminárias de LED, em 2021, permitiram evitar entre 10 a 20 mil toneladas de CO2, num ano! Ou posto de outra forma, o mercado de LED é equivalente a retirar cerca de 4 000 carros da estrada, por ano.

O que nos leva à seguinte formulação, e se fosse possível aos municípios venderem os créditos de carbono? Estamos a falar de aproximadamente um milhão de euros por ano, a somar às poupanças. Não estará na hora de incentivarmos os nossos municípios a comercializarem estes créditos?