Quatro Irmãos, no interior do Rio Grande do Sul, é uma cidade com menos de 2 mil habitantes e seus 268 km² de área são tomados por lavouras. A região pode ser pequena, mas também é povoada por máquinas agrícolas gigantescas.
E foi justamente por isso que Autoesporte foi até lá, para passar um dia plantando soja com uma plantandeira da Massey Ferguson e mostrar como ela pode ser muito parecida com o carro que está estacionado na sua garagem.
Atualmente, para que o operador tenha o máximo de conforto, os tratores contam com recursos de tecnologia muito parecidos com os dos automóveis. O futuro do agronegócio está ligado às tecnologias dos equipamentos agrícolas, que têm como objetivo principal aumentar a produtividade e reduzir custos para o produtor rural, além de diminuir o impacto ao meio ambiente.
E muitos desses recurso aplicados em máquinas agrícolas são semelhantes as dos carros de passeio.
Nos tratores, o câmbio automático CVT é hidráulico. Nos carros, os componentes básicos para a transmissão são polias e correias — Foto: Divulgação
Para efeito comparativo, operamos o MF 8732 S, modelo da linha MF 8700 S, com transmissão Dyna-VT, e avaliamos câmbio, conforto da cabine, suspensão e níveis de automação (GPS). Seu motor é um 6 cilindros 8.4 turbodiesel de 320 cv e 150 kgfm. O preço varia muito de região para região por causa de impostos e de quantidade que o cliente
Assim como os veículos que circulam pelas ruas e avenidas, os tratores modernos contam com vários recursos internos para melhorar a “dirigibilidade”. As cabines têm ar-condicionado, iluminação de LED, rádio com bluetooth, assentos com regulagem e ajuste de peso que ajuda na absorção das irregularidades do solo.
Como os tratores não têm amortecedores próximos aos pneus, o sistema de amortecimento da cabine é semelhante ao de caminhões, e isso garante conforto ao operador, pois ele praticamente não sente desconforto pela vibração do trator.
Esses modelos da linha 8700S Dyna-VT possuem suspensão do eixo dianteiro, que pode ou não ser acionada pelo operador. Assim como nos carros, o objetivo é eliminar trancos. Nos tratores, o acionamento da suspensão dianteira aumenta a eficiência da tração em terrenos irregulares, pois ela atua deixando os pneus em contato máximo com o solo.
A plantadeira é vendida à parte. Essa é uma Massey Ferguson Momentum 24 linhas tem capacidade para 5.130 litros de sementes — Foto: Divulgação
Outro recurso comum nos carros e agora encontrado nos tratores é o piloto automático. No caso das máquinas agrícolas, a função foi desenvolvida para reduzir custos e aumentar a produtividade da lavoura, uma vez que mantém a máquina no traçado exato, evitando falhas ou sobreposição na hora do plantio ou da colheita.
Essa tecnologia avança rapidamente no meio agrícola, pois, diferentemente do ambiente dos carros, a área da lavoura é mais controlada, o que diminui riscos de acidentes. Por outro lado, é possível estabelecer um paralelo em relação aos níveis de autonomia, e o GPS é um recurso para comparação.
Nos carros, os GPSs podem ser ativados via celular, bluetooth ou pela própria central multimídia e, essencialmente, mostram a rota a ser percorrida pelo motorista.
Em tratores, o GPS vai além, pois possibilita autonomia de operação, ou seja, não apenas define a rota como também conduz o trator, sem necessidade de interferência do operador — apenas nos momentos de manobras ao fim das linhas traçadas ou em alguma emergência. Assim, o operador se preocupa apenas com o implemento e reduz sua fadiga.
Durante nosso plantio no piloto automático eu pude entender melhor essa dinâmica. Enquanto o próprio sistema se ocupava de fazer o trajeto da plantadeira, o coordenador de Marketing Produtos Tratores da Massey Ferguson, Eder Pinheiro, me mostrava nas telas se a parte operacional da plantação estava correta.
Por exemplo, se a quantidade de sementes depositadas no solo estava certa, e também índices de umidade do solo — dependendo da temperatura, pode aumentar a taxa de desperdício. É por isso que quando chove, com o solo molhado e mais pesado, o plantio é interrompido para evitar a perda de sementes.
O trator tem várias telas dentro da cabine, semelhantes a uma central multimídia de carro — Foto: Divulgação
“O trator é uma fonte de potência, portanto precisa ser muito versátil, além de econômico e de fácil operação. Muitas vezes o agricultor tem apenas um trator para utilizar no preparo do solo, plantio, enfardamento e na colheita para o auxílio no transporte. Então, quanto mais funcionalidades ele tiver, melhor”, ressalta Pinheiro.
Nos tratores, o câmbio automático CVT é hidráulico e varia de 0,03 km/h e 42 km/h. Nos carros, os componentes básicos para a transmissão são polias e correias, mas a dinâmica é parecida na máquina agrícola. Para o operador, o câmbio oferece, na prática, mais ergonomia, além de evitar possíveis falhas operacionais.
Também melhora o controle do equipamento, sem a necessidade de trocas de marchas, pois ajusta automaticamente a rotação do motor de acordo com a velocidade de deslocamento, melhorando a relação desempenho x consumo.
O trator tem dois modos de condução: "Trabalho" e "Transporte" — Foto: Divulgação
Assim como os carros têm vários modos de condução, o trator também os oferece. O modo Trabalho indica a necessidade de mais força do que velocidade, e é usado durante a parte operacional. No caso do nosso plantio, ficamos a uma velocidade média de 6 km/h. Já o modo Transporte, que prioriza a velocidade, é mais usado para um rápido deslocamento na lavoura.
Vocês não imaginam o quanto esse trator gasta de combustível. Nesse caso, o tanque tem capacidade para 630 litros de diesel; ele vai gastar uma média de 30 a 35 litros por hora trabalhada, o que garante uma autonomia total de 20 a 21 horas de trabalho sem precisar reabastecer. O trator também tem um compartimento de 70 litros para colocar arla, um aditivo usado para reduzir as emissões.
Se eu falar que a dirigibilidade é similar a de um carro, pode parecer absurdo. Mas é verdade. Guardadas as devidas proporções de tamanho e peso (são 11 toneladas e pode chegar a 18 t dependendo da operação), a direção desse trator é leve e a ergonomia é ótima.
Eu não sou operador de máquina agrícola, mas não é preciso ser especialista para perceber que essas tecnologias nos tratores só melhoram a vida do operador e a operação.
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