Cultivo de plantas indoor e verticais ganha mercado em Rio Preto

2022-06-10 17:39:31 By : Ms. Zola Liu

Em Rio Preto, produtores decidiram investir nas plantações de microverdes, hortaliças e legumes, aproveitando espaços urbanos, em ambientes protegidos ou verticais

As plantas ganham iluminação artificial em fazendas urbanas: aqui hortaliças e legumes (Divulgação)

Manejo sustentável com a possibilidade de minimizar os efeitos das mudanças climáticas e aproveitar melhor os recursos naturais para a produção de alimentos. Tudo isso dentro de um espaço vertical, conhecido como fazenda do futuro ou indoor. Em Rio Preto, produtores decidiram investir nas plantações de microverdes, hortaliças e legumes, aproveitando espaços urbanos, em ambientes protegidos ou verticais.

A ideia, que vem sendo muito aproveitada em países europeus, chegou há pouco mais de cinco anos ao Brasil e pretende ainda evitar o desperdício da produção agrícola. De acordo com estudos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o desperdício da pós-colheita chega a 35% no País, a partir dos alimentos que estragam após saírem do campo.

E foi ao pesquisar sobre o assunto e visitar fazendas verticais em outros países que o empresário Nagib Nassif investiu na Fresh Farm, um espaço de plantas cultivadas em ambiente fechado (indoor), que está sendo instalado no Parque Tecnológico de Rio Preto (Partec). Em cinco anos serão investidos R$ 10 milhões pelo empresário e os sócios Leandro Martins, do setor de energia fotovoltaica, e Yoni Ziv, investidor de Israel.

“As plantações em diversas prateleiras, com muita tecnologia e voltadas para a produção que não usa defensivos agrícolas nos atraíram a instalar a fazenda neste ambiente”, diz Nassif. Os cultivos indoor de hortaliças e legumes estão planejados para uma área de 2 mil metros quadrados, com 12 metros de altura.

Nassif conta ainda que em 60 metros quadrados são produzidos 700 quilos de alimentos, o que demonstra a produtividade do cultivo de hortaliças, frutas e legumes em espaços que não usam a terra e estão protegidos das adversidades climáticas. “É tudo bem organizado, com cultivos em prateleiras verticais e, como não temos terra, usamos menos água”.

O pesquisador do Instituto Agronômico (IAC) Luís Felipe Purquerio estuda as técnicas do cultivo de plantas indoor há alguns anos. Segundo ele, a técnica se diferencia do cultivo de hortaliças em estufas e procura minimizar os efeitos das mudanças climáticas, já que o ambiente é fechado e protegido das intempéries do clima.

“Os produtores podem cultivar diversos alimentos, como os microverdes, baby leaf (folhas de hortaliças em tamanho reduzido), tomate e até lúpulo (ingrediente usado para a fabricação da cerveja). A nova técnica é recente por aqui, mas já temos mais de 20 fazendas urbanas no País, que otimizaram os espaços dos grandes centros”.

Felipe diz que o cultivo de plantas indoor é realizado em ambiente fechado, com luz artificial, além de temperatura e fornecimento de água que são controlados. “É uma opção para produção de plantas ou insumos para a cadeia agrícola, um mercado bastante promissor”, pontua.

Pesquisador Luis Felipe Purquerio mostra produção de hortaliças em laboratório

Inaugurado recentemente em Campinas, o primeiro laboratório de cultivo indoor do IAC tem auxiliado produtores a desenvolver técnicas de produção de alimentos em ambientes fechados. “É o primeiro laboratório do estado de São Paulo, com foco na produção de microverdes, baby leaf e produção de mudas”, ressalta o pesquisador Luis Felipe Purquerio, especialista em horticultura.

A grande vantagem destas fazendas urbanas, segundo o pesquisador, são os espaços menores, geralmente verticais, em áreas instaladas nas cidades. “Eu costumo dizer que são metros cúbicos em detrimento de metros quadrados”. Ele destacou ainda que são cultivados, nos ambientes fechados do IAC, hortaliças em bandejas e também serão produzidas mudas de cana-de-açúcar.

Em ambiente com luz artificial, em led, Felipe explica que o ambiente colorido, em tons rosa, é importante para garantir maior produtividade e qualidade das plantas da fazenda urbana. “Há estudos que apontam ainda que a iluminação artificial contribua para reduzir o ataque de pragas e doenças”. (CC)

Na Casa da Horta, Mariana Gagliardi produz microverdes, novidade na agricultura

Hortaliças mais jovens e com maior número de nutrientes, os microverdes, como o próprio nome já diz, são pequenos vegetais que podem ser cultivados em ambientes urbanos. Conhecidos ainda por microgreen, esses alimentos estão ganhando espaço entre os produtores e os consumidores que preferem produtos saudáveis e saborosos.

Em um espaço de 28 metros quadrados, a engenheira agrônoma Mariana Gagliardi e a produtora cultural Larissa Macena estão cultivando, em Rio Preto, os microverdes. “Há pouco mais de cinco meses resolvemos investir em várias espécies de plantas de microverdes, como hortaliças, cenoura, beterraba e rabanete”, conta Larissa, destacando que a técnica ainda é pouco conhecida na cidade.

Os microverdes conquistaram a alta gastronomia e chamam a atenção das crianças, segundo Larissa. “É uma agricultura do futuro, com utilização de espaços pequenos, sem agrotóxicos e com pouquíssimo uso de recursos naturais (água). Quando instalamos a Casa da Horta, abrimos também a comercialização nas redes sociais, o que nos tem dado bons resultados e conquistado mais consumidores”, afirma Larissa.

De acordo com Mariana, os microverdes são plantas bem jovens, cultivadas em estufas com a luz solar e colhidas entre seis e 20 dias, o que as diferencia do cultivo de hortaliças, por exemplo, por demorarem 60 dias para a colheita. “É um mercado que só tende a crescer. A nossa ideia é que todos possam ter acesso ao alimento saudável e financeiramente acessível, já que vendemos todos os produtos a R$ 15 (30 gramas)”. (CC)

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