Saiba quais são os maiores vilões do consumo de energia em dias mais frios e confira dicas e soluções para não estourar o orçamento com um aumento repentino na cobrança
Nos últimos dias, a passagem de uma frente fria derrubou a temperatura em todo o Brasil. A massa de ar polar provocou, inclusive, a primeira neve deste inverno, registrada na madrugada desta sexta-feira (19) na Região Serrana de Santa Catarina, onde os termômetros registraram -6,4°C.
Com ou sem neve, o fato é que, no frio, a tendência é aumentarmos as temperaturas dos aparelhos domésticos. Chuveiro, aquecedor, secador de cabelo, máquina de lavar e secar… Até a iluminação é mais utilizada neste período, já que os dias ficam mais curtos e, consequentemente, mais escuros.
O problema é que o conforto tem seu custo, e ele não é baixo. Por exemplo: um banho diário de 15 minutos por pessoa, para uma família de quatro pessoas, equivale ao consumo de mais de 400 lâmpadas LED de 13W ligadas por uma hora. Nesse cenário, somente o chuveiro soma R$ 100 na cobrança de energia.
Sem falar do consumo de água que, no Brasil, tem uma média de 180 litros/dia por pessoa - acima do recomendado pela Organização das Nações Unidas (ONU) de 110 litros/dia.
Por tudo isso, é preciso economizar. E para te ajudar nessa missão, o Inset traz várias dicas de especialistas do setor energético para evitar aquela surpresa desagradável na conta.
Para economizar, é preciso controlar o consumo em absolutamente todas as atividades realizadas no dia a dia que, de alguma forma, consomem energia elétrica. É o que indica Elidecir Rodrigues Jacques, matemático, doutor em desenvolvimento econômico, analista do Banco Central e especialista do ISAE Escola de Negócios.
“Aquelas ações que fazemos no automático, como tomar banho, passar roupa, ligar as luzes, assistir TV e usar a geladeira, podem fazer a diferença no valor gasto no final do mês”, diz.
Campeão no quesito consumo de energia, o chuveiro elétrico pode representar até 35% no valor da conta. “Controlar o tempo de banho é o ponto principal para quem quer começar a economizar energia. Desperdício é sinônimo de jogar dinheiro fora. Isso vale para qualquer situação, inclusive no consumo de energia elétrica. Se conseguirmos identificar onde estamos desperdiçando energia e adquirir novos hábitos de utilização dos equipamentos, podemos ter uma boa economia”.
Além disso, o especialista também indica buscar entender sobre as tarifas energéticas: “A cada mês, a companhia de energia elétrica realiza a leitura do medidor de energia. Esse medidor possui uma numeração que vai aumentando conforme o uso. Quanto mais usa, mais rápido a numeração aumenta. Então, o que precisamos fazer para descobrir o consumo do mês é subtrair a leitura atual da anterior”, explica o especialista.
A atenção aos horários de pico de consumo também é importante, como indica Valdo Marques, vice-presidente executivo da STEMAC, empresa especializada na fabricação e comercialização de geradores elétricos.
“É preciso evitar tomar banho no início da manhã ou após as 22h, quando as temperaturas estão mais baixas e exigirão trabalho redobrado da potência do chuveiro. Outra forma de economizar é evitando a utilização durante os horários de pico, entre 17h30 e 20h30. Assim, as companhias de energia elétrica não ficam sobrecarregadas com o fornecimento para todas as regiões”, destaca.
Além dos melhores horários, Valdo Marques ressalta também o tempo de duração ideal para um banho: “Apesar do conforto de um longo banho, o ideal é que não seja ultrapassado o período de 8 minutos. Monitorar o tempo do banho das crianças também é importante. A distração com brincadeiras promove o desperdício, e ficar muito tempo embaixo do chuveiro também sobrecarrega o aparelho”.
Outras dicas dadas pelo executivo são impedir a sobrecarga da tomada com vários aparelhos, manter as instalações elétricas revisadas, adquirir equipamentos com selo de escala de consumo e desligar os produtos sem uso do interruptor.
Lucas Troia, regional sales director da Enphase Energy, fornecedora de sistemas de energia solar fotovoltaica, destaca que usar o modo “verão” no chuveiro diminui em 30% o uso de energia em comparação ao “inverno”.
Mas a economia deve ir muito além do banheiro. Na cozinha, por exemplo, a dica é regular a potência de geladeiras e congeladores. “Mesmo com os aparelhos cheios, é recomendável que o termostato se mantenha no mínimo. Deixar resfriar os alimentos antes de guardá-los também diminuiu o gasto de energia”, indica.
Na área de serviço, o alvo é a máquina de lavar, principalmente porque costumamos aumentar a quantidade de roupas que utilizamos no frio, incluindo peças mais grossas.
Um jeito de economizar na hora de lavar essa roupa toda é deixar acumular uma certa quantidade de peças para usar a capacidade máxima dos aparelhos, evitando ligá-los várias vezes. Para a opção “secadora”, a recomendação é mesmo evitar o uso, aproveitando a luz solar.
E por falar em luz, com os dias mais curtos, é preciso usar e abusar da claridade natural enquanto é dia. “A dica é abrir as janelas e cortinas das propriedades e trocar lâmpadas incandescentes por fluorescentes ou LED, o que reduz o consumo de energia em 80%”.
Algumas recomendações extras incluem o próprio uso dos aparelhos eletrônicos. Equipamentos sem uso ligados às tomadas e fios desencapados ou expostos são motivos de atenção.
E para economizar não só no frio, mas em qualquer clima e estação, uma boa saída para quem pode investir é adaptar a residência para o uso da energia solar.
Além de prezar a sustentabilidade, a instalação de placas fotovoltaicas são vistas também como um investimento para o bolso, já que ela possibilita gerar a própria energia.
Infelizmente, o custo ainda é alto: a instalação de um sistema residencial para uma casa com quatro pessoas gira em torno de R$ 15 mil a R$ 30 mil. Entretanto, há dezenas de linhas de financiamento disponíveis para essa categoria de produto, sendo possível financiar até 100% do projeto.
Iasmym Jorge, gerente comercial do Meu Financiamento Solar, explica que as placas solares permitem, já no primeiro mês de funcionamento, uma redução na conta que pode chegar a 95%, restando pagar a taxa mínima e a parcela do financiamento. "Após cerca de sete anos, o financiamento será quitado e o cliente terá energia elétrica quase de graça por mais 25 anos", detalha.
Além disso, em caso de geração excedente de energia, é possível até mesmo acumular créditos para os meses seguintes. "Os créditos acumulados podem ser usados em até 60 meses (cinco anos). Portanto, se no mês seguinte o sistema gerar uma quantidade menor do que a consumida, dá para compensar com créditos de meses anteriores”.
Ainda de acordo com Iasmym, as vantagens do recurso energético vão muito além da importante economia: autonomia energética, segurança no abastecimento elétrico, valorização do imóvel e manutenção simples são algumas destacadas pela gerente.
"Pensando em sustentabilidade, a energia solar é uma ferramenta de combate às mudanças climáticas, contribuindo para a preservação do meio ambiente e redução de gases de efeito estufa. Além de ser uma tecnologia com menos impacto ambiental, o sistema fotovoltaico possibilita o crescimento econômico sustentável para diversos setores", conclui.
Outra opção nesse sentido é o aquecimento solar, sistema que utiliza a energia fornecida pelo sol exclusivamente para esquentar a água a ser utilizada em uma casa ou ambiente comercial.
Segundo Luiz Antonio dos Santos Pinto, presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Térmica (Abrasol), o aquecedor solar de água reduz a conta de luz em até 40% e funciona mesmo em dias nublados.
“O aquecedor solar é mais eficiente do que outras tecnologias solares para se obter água quente e atende a perfis de baixa até alta renda. É uma tecnologia presente no Brasil há mais de 40 anos, que gera economia e empregos em todo o País”, explica o presidente da Abrasol.
O aquecedor solar pode ser encontrado a partir de R$ 2,5 mil e tem uma vida útil acima de 30 anos. De acordo com Luiz Antonio, a solução traz retornos do investimento em menos de 3 anos.
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