Obras arquitetônicas marcantes em Petrópolis: Palácio de Cristal | Tribuna de Petrópolis

2022-05-13 17:47:13 By : Mr. Will Wang

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O que mais chama a sua atenção na arquitetura de Petrópolis? A história da cidade teve início em 1822, quando Dom Pedro I ficou hospedado na Fazenda do Padre Correia, durante uma travessia realizada pelo caminho do ouro, que ligava o Rio de Janeiro a Minas Gerais. 

O Imperador D. Pedro I comprou a Fazenda Córrego Seco em 1830, mas foi só em 1843 que Júlio Frederico Koeler iniciou o projeto urbanístico de Petrópolis e o que muitas pessoas não sabem, incluindo boa parte dos petropolitanos, é que o projeto era extremamente moderno e possuía preocupações preservacionistas e ecológicas pouco comuns à época. Incrível, não é?

Quatorze anos se passaram quando, em 1857, Petrópolis foi elevada à condição de cidade. Em 1981, a APANDE conseguiu que fosse assinado o Decreto 80, o que impediu demolições e construções que pudessem descaracterizar o Centro Histórico. Foi quando a cidade recebeu o título de Cidade Imperial.

A história e a arquitetura do século XIX e início do século XX, combinadas com o clima ameno e a influência dos imigrantes alemães, italianos, sírio-libaneses e portugueses, tornaram Petrópolis uma das cidades mais importantes no cenário turístico do país. 

Neste domingo, na série da Casa & Campo: “obras arquitetônicas marcantes em Petrópolis”, destacamos o Palácio de Cristal – uma das construções mais imponentes da cidade, que fez aniversário esta semana, no dia 02 de fevereiro.

Encomendado pelo Conde d’Eu, marido da Princesa Isabel, o Palácio foi um presente à sociedade hortícola petropolitana, da qual sua esposa fazia parte. O objetivo era construir um local que pudesse servir como pavilhão para as exposições de flores e produtos agrícolas que já vinham acontecendo desde 1875.

A 1ª Exposição de Horticultura aconteceu em um pavilhão em 1875. Este pavilhão foi, mais tarde, substituído pelo Palácio de Cristal. 

Sobre a primeira exposição de horticultura do país, a Princesa Isabel e seu marido, o Conde d’Eu, ajudaram a organizar o evento. A finalidade da festa era evidenciar o potencial da produção agrícola das terras imperiais.

O evento, que buscava salientar toda a riqueza natural do solo das terras imperiais, e até mesmo fora do município, tinha a preocupação de reunir figuras ilustres que pudessem estar presentes na exposição e verificar a alta qualidade dos produtos naturais. O evento ganhou até medalha comemorativa! Foto: Museu Imperial/Ibram/MTur

Medalha de prata da Exposição de Horticultura.

Você sabia que a estrutura do Palácio de Cristal foi a primeira estrutura pré-fabricada do Brasil? Construída nas oficinas de St. Sauver-les-Arras, na França, sua arquitetura foi inspirada no Palácio de Cristal de Londres, tanto pela técnica construtiva, quanto pelos materiais empregados (ferro e vidro). 

Sua arquitetura é um retrato vivo de seu tempo, o século XIX, da era Vitoriana e, principalmente, da Revolução Industrial. A estrutura pré-fabricada em ferro e vidro, com laterais retangulares e frente e fundos em hemiciclo, além do extenso uso da iluminação natural, marcaram uma nova era para os arquitetos. 

Sua pedra fundamental foi lançada no dia 02 de fevereiro de 1879, na Praça da Confluência – que recebeu esse nome por causa da confluência de dois rios, o Piabanha e o Quitandinha. O engenheiro Eduardo Bonjean acompanhou a montagem do Palácio até a inauguração, cinco anos depois. 

Fotografia mostrando vista do Palácio de Cristal e do seu jardim na época de sua inauguração, em 1884. 

Em abril do mesmo ano, foi realizada a IX Exposição promovida pela Sociedade Agrícola e Hortícola de Petrópolis. As exposições aconteceram anualmente até 1886. 

Fotografia à esquerda mostra o interior do Palácio de Cristal por ocasião da IV Exposição Hortícola de Petrópolis, quando foi inaugurado o pavilhão, em 1884. À direita, orquídea premiada pelo júri da Exposição no mesmo ano. 

Em 1938, o Palácio de Cristal foi sede para o Museu Histórico de Petrópolis. Anos mais tarde, em 1957, durante as comemorações centenárias da cidade de Petrópolis, o espaço voltou a receber eventos – com a realização de uma exposição histórica e uma exposição industrial de Petrópolis. Em 1970, foram realizadas diversas restaurações, incluindo os jardins.

Foto: Museu Imperial/Ibram/MTur

Impresso mostrando o Palácio de Cristal e parte de seu jardim após a reforma, por volta de 1976.

Sobre o espaço externo do Palácio e a recente hipótese do jardim ter sido projetado por Auguste Glaziou – Diretor dos Parques e Jardins da Casa Imperial e Inspetor dos Jardins Municipais (RJ) – a historiadora, pesquisadora e presidente do Sistema Municipal de Museus, Rachel Wider, comenta que ainda não foi encontrada nenhuma prova da autoria do paisagismo. Ela ainda destaca que a intervenção da arqueologia é fundamental para qualquer atividade em jardins tombados, devido à grande probabilidade de se encontrar não só utensílios de época, como também estruturas que ajudem a explicar e a entender melhor o passado. Ainda assim, segundo ela, a simples descoberta precisa ser complementada com pesquisas históricas. 

Devido ao trabalho de resgate da história do Palácio de Cristal, desde o ano passado, o mesmo segue fechado para visitação. De maio a setembro de 2021 foram encontradas milhares de peças do século XIX. Dentre elas, pedaços de louças inglesas e pedaços de stoneware – cerâmica que vinha, nessa época, da Alemanha, Bélgica e Holanda – faianças mais brutas, ferraduras, vidros (que podem ser originais do palácio) e até um cachimbo de porcelana.

Desde o mês de setembro, uma nova demarcação de escavação foi realizada em frente ao Palácio. Depois da primeira etapa concluída, os arqueólogos começaram a pesquisar evidências da estrutura original do espaço – um trabalho extremamente minucioso, além de fundamental para a história de Petrópolis. Dentre elas, está a pesquisa sobre a base de um cruzeiro, que já foi identificada através de fotos do século XX.

Sobre a relevância desse trabalho arqueológico, Rachel comenta: “Petrópolis ainda carece de um inventário completo de seus jardins históricos, e esperamos que essa situação do Palácio de Cristal dê um impulso nesse sentido.” Segundo ela, a Rede Brasileira de Jardins e Paisagens tem feito grandes pesquisas no sentido de valorizar e conscientizar sobre a questão do paisagismo e arquitetura. Rachel complementa: “Espero que nossa cidade possa buscar esse conhecimento e não só cuidar de seu patrimônio histórico como também mostrar a importância da pesquisa para a consolidação de nossa identidade.”

O que chama mais a sua atenção na arquitetura do Palácio de Cristal? Poste sua foto no Instagram com a hashtag #tônatbn. As melhores fotos aparecerão no nosso feed aos sábados!