Desempenho do animal é avaliado em cima de dados estatísticos, quanto mais cedo são marcados, menor são os erros que podem ocorrer durante o processo.
O Brasil se destaca por ser um grande produtor de peixes de cultivo, principalmente de tilápia, espécie que cresceu significativamente nos últimos anos, alcançando uma produção de 534 mil toneladas somente em 2021, volume que representa um crescimento de 9,8% sobre o ano anterior e que corresponde a 63,5% da produção de peixes de cultivo no país.
Para atender a uma demanda cada vez maior do setor produtivo, a genética e a reprodução direcionada contribuem exponencialmente para esse aumento da produtividade. Atualmente, as linhagens de tilápia cultivadas superam em muito o desempenho de seus ancestrais e o melhoramento genético apresenta ganhos acumulativos que colaboram para uma indústria cada vez mais sustentável e lucrativa.
Professor do Departamento de Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá e coordenador do Programa de Melhoramento Genético da Tilápia GIFT/Tilamax, Ricardo Pereira Ribeiro: “Hoje a genética produzida em Maringá, no Paraná, representa mais de 70% das tilápias produzidas no Brasil em escala comercial” – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural
Conforme o professor do Departamento de Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e coordenador do Programa de Melhoramento Genético da Tilápia GIFT/Tilamax (PMGT), Ricardo Pereira Ribeiro, a participação da piscicultura na produção de proteína animal brasileira representava 2,45% em 2016. Nos anos seguintes, apresentou um desenvolvimento tímido, alcançando 2,73% em 2020 – deste percentual de crescimento, 1,65% corresponde a produção de tilápia.
Considerada a espécie mais cultivada no Brasil, a tilápia do Nilo foi introduzida no país em cinco linhagens: Bouaké em 1971 pelo Ceará – sustentando a piscicultura brasileira por 25 anos; Chitralada em 1996, Supreme em 2002 e Gift em 2005, todas pelo Paraná; e a Spring em 2016 por São Paulo.
Além do Distrito Federal, das 26 unidades federativas a tilápia não é cultivada oficialmente em seis Estados, sendo eles Acre, Amapá, Amazonas, Paraíba, Pará e Roraima. “No entanto, segundo levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) a tilápia está introduzida em todos os Estados brasileiros, sem nenhuma exceção”, expõe Ribeiro.
A Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR) junto com consultorias internacionais afirma que a produção global de tilápia foi de 6,25 milhões de toneladas em 2021, um crescimento de 13,79% quando comparado com 2019 e de 2% em relação ao último ano. Entre os maiores produtores, o Brasil ocupa o 4º lugar, ficando atrás apenas da China, Indonésia e do Egito.
Existe uma perspectiva de até 2030 o Brasil chegar a ter uma produção próxima de 1,3 milhão de toneladas, alcançando o patamar de segundo maior produtor de tilápia no mundo. “Pelos níveis atuais de produção no país esse valor é perfeitamente alcançável”, vislumbra Ribeiro.
Programas de genética no país
Atualmente os programas de melhoramento genético no país são desenvolvidos por cinco entidades de pesquisa públicas: no Paraná pela Universidade Estadual de Maringá (UEM); em São Paulo pela Epagri; e em Minas Gerais pelas universidades federais de Lavras (Ufla), Minais Gerais (UFMG) e dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). Na iniciativa privada desenvolvem programas de melhoramento genético Aquamerica, Aquabel/Aquagen, Royal Fish/SP, Copacol/PR, Piscicultura Sgarbi/PR e Veg Tilápia.
Melhoramento genético em ambiente de cultivo
De acordo com Ribeiro, o primeiro programa de melhoramento genético em ambiente de cultivo no país foi iniciado pela UEM, em 2005, após a importação de 600 exemplares de 30 famílias da linhagem Gift, originária da Malásia. Nesse programa, os pesquisadores batizaram o objeto do estudo de linha Tilamax.
Entre os maiores produtores de tilápia o Brasil ocupa o 4º lugar, ficando atrás apenas da China, Indonésia e do Egito – Foto: Shutterstock
Conforme o docente da UEM, o programa de seleção tem como objetivo aumentar a taxa de crescimento da espécie, para isso, o ganho em peso médio diário é utilizado como referencial para critério de seleção. Porém, outras características, como medidas corporais e mortalidade na idade comercial são coletadas para incrementar o número de informações por animal. “Usamos a velocidade de crescimento como critério de seleção porque o ganho genético por geração é muito alto, justamente porque neste peixe nunca foi feito melhoramento genético. Por isso não dá para abrir mão, do ponto de vista econômico, de uma característica que tem um impacto de valor muito alto e ganho genético significativo na melhoração. Além disso, nós coletamos dados de mais de 20 características associadas ao crescimento, o que possibilita mudar o foco da pesquisa em qualquer estágio do programa. Atualmente possuímos dados de 13 gerações e até a décima geração avaliamos o desempenho dos animais apenas em tanques-rede”, pontua Ribeiro.
O coordenador do programa conta que a reprodução dos animais é feita entre novembro e dezembro, a microchipagem em fevereiro e março, e de abril a outubro os animais são avaliados em uma densidade de 75kg/m³.
As informações individuais de desempenho e da forma dos animais em tanques-rede são obtidas por meio de microchips implantados na cavidade visceral. Esses animais são acompanhados individualmente, com biometrias mensais, cujas informações de desempenho de todas as gerações do programa de melhoramento, desde a sua implantação em 2005, são armazenadas em um banco de dados.
Com base nestas informações e com o uso da metodologia das equações dos Modelos Mistos de Henderson podem ser apontados os valores genéticos aditivos para ganho em peso diário. “Por meio dos componentes de variâncias e parâmetros genéticos utilizados na seleção anual dos animais (machos e fêmeas) é possível promover a substituição total do plantel de reprodução em atividade”, ressalta.
Núcleo de seleção
De cada família são selecionados as quatro melhores fêmeas e os dois melhores machos para a reprodução individual. “Esses animais serão reproduzidos em um grupo de hapas (estrutura parecida com tanques-rede) de água doce de um metro cúbico por um, em que são colocados um macho e uma fêmea nestes ambientes e toda semana é avaliado a desova, coletados os ovos fertilizados e transferidos em bandejas para o incubatório, separadas por família, para darem início à reprodução de crescimento, formando assim irmãos completos de uma família”, explica o professor da UEM.
Até os alevinos serem microchipados são criados em hapas de um metro cúbico separados por família, a fim de reduzir erros no processo. “O desempenho do animal é avaliado em cima de dados estatísticos, quanto mais cedo são marcados, menor são os erros que podem ocorrer durante o processo. Diferente de outros animais, que são marcados quando nascem, o peixe nasce muito pequeno e não existe uma marcação efetiva e eficiente para marcá-los, havendo uma interferência antes da marcação pode gerar um erro no final da avaliação do programa, o qual denominamos de defeito comum de família – que pode ser porque esse animal foi criado em um ambiente melhor ou porque a mãe dele é geneticamente superior. Hoje os erros são minimizados chipando os animais jovens. Em 2005 essa identificação era feita quando os animais atingiam 15 gramas, o que demorava cerca de dois meses para chegar neste peso. Atualmente microchipamos com cinco gramas, aproximadamente 45 dias de idade. O chip tem uma margem de erro de 3 a 5% e a gente leva isso em consideração no ganho estatístico dos animais durante a avaliação”, relata Ribeiro.
Para não ter efeito de número, a quantidade de indivíduos de cada família é uniformizada. “São produzidas por cada família em torno de 200 larvas, sendo genotipadas apenas 40 animais de cada família”, afirma. “Com o peixe chipado acabamos com aquele erro comum de família, sendo todos os exemplares colocados juntos em um mesmo ambiente para fazer a avaliação de desempenho em sistema de produção aberta, para que os animais possam sofrer os mesmos eventos técnicos que a prole produtiva”, frisa Ribeiro.
Em 2021 foram avaliados 25.556 animais de 766 famílias, gerando cerca de 30 mil dados, formando uma matriz de avaliação. “Hoje posso avaliar um indivíduo da atual geração a partir dos dados dos animais que chegaram da Malásia em 2005”, menciona Ribeiro.
No PMGT, quatro bisavós podem gerar de 200 a 500 avós, estas produzem de 62,5 mil a 100 mil matrizes, que podem dar origem a cerca de 50 milhões de quilos de peixes. “Entender esse processo é muito importante para dimensionar o grau de seleção imposto no sistema de reprodução”, ressalta Ribeiro.
Todas as matrizes do programa são comercializadas para alevinocultores e os filhos dessas matrizes são vendidos para engorda, com exceção dos filhos das famílias que trocam de geração. “Entre a quarta e a sexta geração já conseguimos ter animais com melhor desempenho do que os bisavós”, salienta o professor da UEM.
O PMGT realizou a comercialização de reprodutores para alevinocultores de 18 Estados e do Distrito Federal, mais de dez instituições de pesquisa, ensino ou extensão, dois países (Uruguai e Cuba) e mais de 60 mil matrizes foram distribuídas entre 2020 e 2021. “Para atender a demanda da linha Tilamax vamos repassar 80 mil matrizes para o setor reprodutivo em 2022”, adianta o coordenador do PMGT.
Conforme Ribeiro, o PMGT desenvolvido na UEM já contribuiu com vários programas de melhoramento genético no Brasil e na América Latina, citando iniciativas da Epagri, Ufla, Copacol, piscicultura Sgarbi, AquaAmerica e Cuba. “Hoje temos a grata satisfação de saber que a genética produzida em Maringá, no Paraná, representa mais de 70% das tilápias produzidas no Brasil em escala comercial”, diz, orgulhoso.
Em relação ao ganho genético acumulado em gramas ao longo dos anos, Ribeiro expõe que desde que os animais foram importados da Malásia, em 2005, foram 129 gramas, usando o mesmo critério de crescimento, o que representa um ganho genético de 3,3% ao ano. “Quando comecei a trabalhar com tilápia dentro do sistema de cultivo, o crescimento levava de 12 a 14 meses e hoje com uma boa nutrição e uso de novos manejos de criação já conseguimos animais terminados com seis meses, pesando de 900 gramas a 1kg”, ressalta.
O primeiro lote abatido da linha Tilamax foi em 2008, conforme Ribeiro, ano em que a tilapicultura apresentou crescimento vertiginoso no país, demonstrando a importância de um programa de melhoramento genético para impulsionar a produção. “Conseguimos aumentar em torno 3,3% o ganho de peso por geração com o PMGT, o que contribuiu para a expansão da atividade no país e para melhores condições de desenvolvimento da cadeia produtiva de forma geral”, destaca.
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Um dia o peso da idade chega e junto a necessidade de passar adiante as conquistas e aprendizados profissionais, frutos de muitos anos de dedicação e trabalho. Essa é a realidade em muitas famílias de produtores rurais espalhadas em todos os cantos do Brasil, para as quais a continuidade dos negócios acontece por meio da sucessão familiar.
É inevitável. Um dia o peso da idade chega e junto a necessidade de passar adiante as conquistas e aprendizados profissionais, frutos de muitos anos de dedicação e trabalho. Essa é a realidade em muitas famílias de produtores rurais espalhadas em todos os cantos do Brasil, para as quais a continuidade dos negócios acontece por meio da sucessão familiar. O processo sucessório é longo, requer disciplina, mas acima de tudo exige muita vontade de ensinar e aprender.
Palestrante e consultora em sucessão e governança familiar, Mariely Biff: “Os principais desafios no processo sucessório estão atrelados à transmissão de valores além do dinheiro, ao planejamento de cenários, à implantação de cultura de inovação, ao aprender com qualidade em menos tempo e à quebra da resistência e do tradicionalismo” – Foto: Sandro Mesquita/OP Rural
Para Mariely Biff, palestrante e consultora em sucessão e governança familiar, a sucessão não se resume somente na transferência de patrimônio, mas principalmente na transmissão de conhecimento. “A sucessão familiar é um processo gradativo de construção, e entender do negócio para poder colaborar é muito importante”, afirma.
A transição sucessória começa a acontecer ainda na infância, de maneira natural, com ensinamentos repassados de pai para filho no dia a dia da fazenda. Entretanto, chega um momento em que a sucessão familiar precisa ser estipulada como meta e profissionalismo, afinal, o processo não envolve somente a família. Há, em muitos casos, os colaboradores, técnicos e outras pessoas que integram e desenvolvem as atividades na propriedade. “Esses profissionais precisam compreender como funciona o processo para que o mesmo ocorra de forma harmoniosa e sem conflitos em ralação a autonomia de cada membros da família nessa fase de transferência de poder”, destaca a consultora.
A profissional afirma que a sucessão familiar é um tema delicado, pois em alguns casos pode afetar a autoestima de quem será substituído, mas, segundo ela, é preciso que a transição ocorra de maneira conjunta e com a colaboração de todos os envolvidos. “É importante que as duas gerações interajam e compartilhem os conhecimentos para implementar os negócios da família”, ressalta.
Conforme Mariely, mesmo quando não há interesse por parte do herdeiro em ser o sucessor, é preciso que ele conheça os resultados, investimentos e as políticas que regem o negócio, inclusive, se os sucessores resolverem arrendar ou vender a fazenda. “Ainda que a pessoa não esteja envolvida na dinâmica da gestão, ela precisa compreender como funciona, até mesmo para opinar quando for necessário”, pontua.
A escolha de quem será o responsável pela gestão dos negócios da família quando existem vários candidatos ao papel é outro fator que pode gerar conflito na transição familiar. Conforme a consultora, geralmente a pessoa escolhida não tem experiência para assumir o cargo e trazer resultados positivos para o negócio. “Às vezes os pais cobram muito dos filhos, mas não os ensinam como deveriam fazer”, aponta.
De acordo com Mariely, 95% dos casos atendidos por ela estão em um momento de estresse, com algum tipo de conflito familiar, que geralmente acontece por conta da procrastinação do início do processo sucessório, algumas vezes sob a alegação de que os pais ainda são jovens para tal procedimento. “Mas isso pode chegar a um ponto onde a família é obrigada a realizar a sucessão”, afirma.
Os conflitos são muitas vezes inevitáveis, afinal, interesses e opiniões distintas quase sempre geram momentos de discordâncias, mas que precisam ser contornados com diálogo entre os envolvidos e auxílio profissional em determinadas situações. A consultora Mariely Biff aponta casos de centralização exagerada por parte do atual gestor. Tarefas não são delegadas e não há confiança de quem será sucedido em relação ao sucessor. “Isso gera sensação de não pertencimento por parte dos filhos”, afirma.
Outro obstáculo na sucessão, de acordo com Mariely, é o conflito de interesses entre os membros da família por conta de não haver a separação entre a vida familiar e a profissional. “Nesses casos as tratativas acontecem de pai para filho e não de líder para colaborador, e quando essas emoções estão envolvidas o processo se torna mais difícil, mas não impossível”, salienta Mariely.
O respeito à hierarquia é outro ponto abordado por Mariely, e segundo ela, precisa ser praticado para que o processo de sucessão ocorra corretamente. “Ouço pais dizerem: meu filho não está tão envolvido no negócio, chega a hora que quer no trabalho. Ele não entende que precisa ter responsabilidade”, revela.
Em contrapartida, a especialista afirma que é comum ouvir os filhos dizerem que não são ouvidos nem têm a oportunidade de implantar projetos por conta do pai ser centralizador. “Quando conseguimos entender o nosso universo dentro do negócio e da fazenda a gente consegue, sim, colaborar”, explica Mariely.
Para a profissional, o sucessor precisa começar a demonstrar interesse e participar de todas as atividades da fazenda, mesmo quando aquilo não for interessante para ele.
Para superar a falta de confiança do atual gestor, muitas vezes em razão da pouca idade do sucessor, Mariely sugere que haja empatia para entender o outro lado, afinal, não é fácil para alguém com muita experiência aceitar grandes mudanças e novos projetos. “Não queira fazer grandes transformações. Comesse pequeno, conquiste confiança e credibilidade entregando resultado”, ressalta.
Também é importante que o sucessor não espere receber conhecimento do atual gestor, é preciso que ele próprio vá em busca desses saberes. “Vão buscar esse conhecimento em outros exemplos, em outros lugares, para entender o que deu certo e errado, e assim entender o risco do negócio para poder evoluir”, afirma.
Para conseguir realizar o processo de sucessão familiar satisfatório é fundamental organizar projetos e reuniões para definir regras através da descrição dos papéis, responsabilidades, salários, organização do patrimônio e a profissionalização da tomada de decisão com percentual. “Se eu quero que alguém comece a ter responsabilidade no negócio, tenho que delegar também, para que essa pessoa sinta o peso da decisão”, explica Mariely.
Segundo ela, em conjunto com o plano de sucessão é preciso tem um plano de aposentadoria para a pessoa que será sucedida. “É também um processo psicológico de preparação que precisa ser pensado”, afirma Mariely.
Além disso, ela salienta a importância de se ter um plano de capacitação familiar para que todos entendam de fato dos negócios e possam contribuir. “Essa capacitação pode acontecer por intermédio de vídeos e outros conteúdos disponíveis na internet, inclusive através de eventos ou palestras onde toda a família pode ir e aprender junta”, ressalta.
Para que a transição ocorra corretamente, Mariely reforça que o processo inicie o quanto antes, mas isso não exige obrigatoriamente a contratação de uma consultoria. “Isso pode começar com pequenos ajustes para melhorar as tomadas de decisões e o planejamento, por exemplo, para que aos poucos o processo evolua”, menciona.
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Serão sete palestras que vão contribuir para atualizar os profissionais que atuam na cadeia suinícola nacional.
O Jornal O Presente Rural e a Cooperativa Agroindustrial Frimesa realizam, no próximo dia 21, a primeira edição do Dia do Suinocultor, evento promovido em alusão a data que celebra essa importante profissão, que faz da cadeia suinícola um setor estratégico para o desenvolvimento econômico do país.
O evento será realizado no formato híbrido, com participação presencial para convidados em Marechal Cândido Rondon, na região Oeste do Paraná, e com transmissão ao vivo pelos canais de O Presente Rural no Facebook e no YouTube, a partir das 08h15.
Voltado para produtores, lideranças do setor e profissionais que atuam diretamente na cadeia produtiva, como fornecedores de matérias-primas, equipamentos e insumos, o Dia do Suinocultor vai promover um dia inteiro de palestras, debates e trocas de informações em prol de uma suinocultura mais sustentável e atenta aos atuais desafios e oportunidades.
A programação com as temáticas das palestras e os profissionais que estarão no evento foram divulgados nesta quinta-feira (07) pela Comissão Organizadora. Serão sete palestras que vão contribuir para atualizar os profissionais que atuam na cadeia suinícola nacional.
Responsável pela programação do 1º Dia do Suinocultor e gerente de Suprimentos de Suínos da Frimesa, Valdecir Luiz Mauerwerk: “São temas de extrema importância, pois são eles os pilares da sustentação da suinocultura, desde sua essência, por esse motivo entendemos que essas bases da produção se fazem necessárias serem tratadas e discutidas constantemente” – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural
Responsável pela programação do 1º Dia do Suinocultor, o gerente de Suprimentos de Suínos da Frimesa, Valdecir Luiz Mauerwerk, ressalta que o desafio de encontrar temas coerentes com às demandas eminentes da suinocultura e que se apliquem de forma prática no atual cenário que o setor enfrenta. “Foi bastante desafiador, foram dias de estudo, avaliação, validações para ao final chegarmos em uma programação que entendemos satisfatória para o objetivo e as expectativas criadas para esse evento tão importante para a suinocultura. Ao todo três pessoas estiveram envolvidas diretamente na organização e definição dos temas”, menciona Mauerwerk.
Os assuntos que nortearão a programação do 1º Dia do Suinocultor estão concentrados na produção em granjas, segurança da atividade e mercado de carnes. “São temas de extrema importância, pois são eles os pilares da sustentação da suinocultura, desde sua essência, por esse motivo entendemos que essas bases da produção se fazem necessárias serem tratadas e discutidas constantemente”, pontua o profissional.
Mauerwerk também destaca a importância de o evento ser híbrido, uma vez a transmissão gera um alcance expressivo durante e após a sua realização. “É uma ótima oportunidade de disseminação da informação, seja ela em tempo real ou acessos posteriores aos conteúdos, pois em função das atividades e dedicação incondicional que se aplica à suinocultura ou à produtores e profissionais da área localizados em regiões ou Estados distantes do local do evento, eventualmente, não conseguem se fazer presentes, porém no caso do evento híbrido, todo esse público é atendido plenamente”, enaltece.
Diretor de Comunicação e Marketing do Jornal O Presente Rural, Selmar Franck Marquesin: “Existem inúmeros detalhes que devem e estão sendo cuidados para que seja levado ao público um evento de alta qualidade, tanto nas palestras como nos sistemas de apresentação e entendimento” – Foto: Sandro Mesquita/OP Rural
O diretor de Comunicação e Marketing do Jornal O Presente Rural, Selmar Franck Marquesin, destaca os desafios e fatores envolvidos para oferecer a transmissão em tempo real do evento. “Os desafios principais são gerar engajamento do público, mas, em contrapartida, possibilita o alcance de um maior número de pessoas, uma vez que permite que o internauta assista ao vivo ou pós evento, no conforto de sua casa ou escritório e sem custo de inscrição ou deslocamento. Os fatores como equipe técnica, equipamentos e estrutura são ainda mais importantes do que um evento somente presencial, pois existem inúmeros detalhes que devem e estão sendo cuidados para que seja levado ao público um evento de alta qualidade, tanto nas palestras como nos sistemas de apresentação e entendimento”, ressalta Marquesin.
Há duas semanas do evento, o gerente de Suprimentos de Suínos da Frimesa frisa que os preparativos finais seguem de forma satisfatória, destacando o sentimento de poder contribuir com a realização da 1ª edição do evento. “É uma honra imensurável poder contribuir para a viabilização da comemoração, em caráter técnico e produtivo, do primeiro evento oficial do Dia do Suinocultor em Marechal Cândido Rondon. Sabidamente, nossa categoria de produção de suínos passa por cenários desafiadores e esses verdadeiros heróis, que são nossos suinocultores, não desistem do seu propósito, pois certamente essa atividade é a base de sustento e renda de inúmeras famílias”, frisa Mauerwerk.
O diretor-presidente da Frimesa, Valter Vanzella, fará a palestra de abertura às 08h30, oportunidade em que vai falar sobre o “Sistema de Integração frente ao atual cenário da suinocultura” e também vai apresentar o andamento das obras da Unidade Frigorífica de Suínos da cooperativa em Assis Chateaubriand (PR).
Em seguida, às 09 horas, o diretor de Mercados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Luís Rua, abordará o tema “Produção, consumo e exportações, novos mercados e perspectivas do setor de carnes suínas”. Na sequência, às 10h10, a diretora técnica comercial da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), Charli Ludke, vai falar sobre a “Peste Suína Clássica e Africana e os desafios quanto ao uso dos antimicrobianos”; logo após, às 11 horas, a médica-veterinária da Universidade de Marília (Unimar), Aline Fadelli, encerra a programação matutina com a palestra “Capacitação de manejo na suinocultura e seu impacto na rentabilidade da granja”.
No período da tarde, com início às 13h30, o doutor em Genética e Melhoramento Animal pela Universidade de Wageningen (WUR), na Holanda, Marcos Soares Lopes, vai discorrer sobre as “Tendências de produção de carne suína visando mercados mais exigentes”. Depois, às 14h20, o zootecnista e mestre em Nutrição Animal, Matias Djalma Appelt, aborda “O papel da nutrição para o sucesso na produção de suínos”.
A médica-veterinária, mestre na área de Fisiopatologia da Reprodução de Suínos pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas, Luciana Fiorin Hernig, dará continuidade à programação com a palestra “A Importância da sanidade na produção de suínos”, a partir das 15h10. E às 16h20, Gustavo Simão, mestre em Medicina Veterinária, encerra o ciclo de palestras com a temática “Biossegurança – novo pilar da suinocultura moderna”.
Em todas as palestras haverá espaço para os participantes, tanto presenciais como remotos, tirarem suas dúvidas e fazerem perguntas sobre os temas abordados.
O encerramento da programação do 1º Dia do Suinocultor está previsto para as 15 horas.
Somando forças com O Presente Rural
Realizado pelo Jornal O Presente Rural, em parceria com a Frimesa, o Dia do Suinocultor conta com patrocínio ouro da Agroceres PIC, Boehringer, DB Genética, Inobram, Topigs Norsvin e Vaccinar; prata da Biochem, Construsui, Imeve, Master Biodigestores, MSD Saúde Animal, Perct, Roboagro e Sicredi; e bronze da AB Vista, Anpário, BTA Aditivos, Crystal Spring, Farenzena, GD Brasil, Nnatrivm e Suiaves.
Programação Dia do Suinocultor
08h15 – Abertura e início da transmissão
08h30 – Palestra de Abertura com o diretor-presidente da Frimesa, Valter Vanzella sobre “Sistema de Integração frente ao atual cenário da suinocultura” e apresentação do Frigorífico da Frimesa em Assis Chateaubriand
09h – Palestra: “Produção, consumo, exportações, novos mercados e perspectivas do setor de carnes suínas”, com o diretor de Mercados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Luís Rua
09h40 – Espaço para perguntas
10h10 – Palestra: “Peste Suína Clássica e Africana e os desafios quanto ao uso dos antimicrobianos”, com a diretora técnica comercial da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), Charli Ludke
10h50 – Espaço para perguntas
11h – Palestra: “Capacitação de manejo na suinocultura e seu impacto na rentabilidade da granja”, com a médica-veterinária da Universidade de Marília (Unimar), Aline Fadelli
11h40 – Espaço para perguntas
13h30 – Palestra: “Tendências de produção de carne suína visando mercados mais exigentes”, com o doutor em Genética e Melhoramento Animal pela Universidade de Wageningen (WUR), na Holanda, Marcos Soares Lopes
14h10 – Espaço para perguntas
14h20 – Palestra: “O papel da nutrição para o sucesso na produção de suínos”, com o zootecnista e mestre em Nutrição Animal, Matias Djalma Appelt
15h – Espaço para perguntas
15h10 – Palestra: “A Importância da sanidade na produção de suínos”, com a médica-veterinária, mestre na área de Fisiopatologia da Reprodução de Suínos pela UFRGS, com MBA em Gestão Empresarial pela FGV, Luciana Fiorin Hernig
15h50 – Espaço para perguntas
16h20 – Palestra: “Biossegurança – novo pilar da suinocultura moderna”, com o mestre em Medicina Veterinária, Gustavo Simão
17h – Espaço para perguntas
Programas vacinais são um dos principais responsáveis pela eficiência e sustentabilidade da produção animal nos dias de hoje. Desta forma, se faz imprescindível que a educação de produtores seja disseminada para que a eficácia das vacinas não seja desperdiçada no ponto final e mais importante da cadeia.
Apesar de não ser um conceito novo, a sustentabilidade é um assunto cada vez mais em pauta na produção animal. O impacto ambiental da produção de suínos, por exemplo, é diretamente ligado à eficiência de produção. Neste cenário, avanços em áreas como o melhoramento genético, eficiência alimentar e avanços na saúde do rebanho contribuem para uma maior eficiência da cadeia.
Com relação aos avanços na sanidade dos planteis, recentes estratégias visando a redução de antibióticos na produção animal implicam em um aumento no uso de vacinas para que o impacto econômico de doenças seja evitado. Programas vacinais apresentam grande custo-benefício ao prevenir surtos e disseminação de doenças imunopreviníveis. No entanto, para que máximos resultados sejam obtidos através da aplicação de vacinas as doses devem ser manuseadas com cuidado desde o recebimento até o armazenamento e uso em granjas. Neste contexto, o entendimento da importância de vacinas e adequada educação de produtores em relação ao uso e o manuseio das mesmas é de extrema importância.
A terminologia boas práticas de vacinação determina os procedimentos desde o recebimento das vacinas à campo até a aplicação das mesmas nos animais em questão. Compreendendo, desta forma, o armazenamento, preparação para a administração, equipamento para a administração, entre outros. Entre os principais equipamentos a serem checados estão a conservadora de vacinas (tipo, idade, segurança da fonte de energia), organização, variação de temperatura, etc. Seguido de um adequado plano vacinal e preparação antes da aplicação. Durante a aplicação, diversos fatores devem ser levados em conta, como o tipo de agulha (comprimento e diâmetro), local exato da aplicação e conservação de frascos abertos que não foram completamente utilizados.
Condições ideais de armazenamento
A Organização Mundial da Saúde recomenda que todas as vacinas sejam armazenadas em temperaturas entre +2°C e +8°C em todos os segmentos da cadeia de frio, incluindo, portanto, câmaras de conservação nas granjas. Temperaturas superiores a +8°C e inferiores a +2°C são extremamente prejudiciais à eficácia das vacinas.
Para que a o intervalo de temperatura seja respeitado é imprescindível que o equipamento de conservação se encontre em boas condições. Desta forma, é importante que se evite equipamentos antigos visto que os mesmos tendem a apresentar maior instabilidade e possíveis desvios de temperatura, além de não garantirem adequada homogeneidade. Pelos mesmos motivos, refrigeradores domésticos e refrigeradores com compartimentos de congelamento devem ser evitados.
Para que o produtor assegure que as temperaturas estejam dentro do intervalo ideal é necessário que um termômetro de máxima e mínima seja posicionado do centro do equipamento. Ainda, vacinas dever ser dispostas na conservadora de forma organizada e espaçada, sempre evitando o armazenamento de frascos na porta das mesmas.
Além da escolha do aparelho em si, é necessário também que a localização do aparelho na granja seja pensada. Seguindo a mesma lógica de conservadores de sêmen, por exemplo, é necessário que se evite lugares suscetíveis a temperaturas extremas, incidência solar, presença de amônia, humidade e poeira. Ainda, é necessário que se considere opções de backup de energia, para que quedas de luz não afetem o estoque vacinal da granja.
Em estudo realizado o nível de conhecimento de produtores rurais em relação aos principais pontos referentes às boas práticas de vacinação foi acessado na Holanda a Bélgica. O mesmo estudo ainda envolveu uma avaliação das conservadoras de vacina presentes em granjas de suínos.
Neste estudo cerca de 50 produtores foram entrevistados e dentre as informações mais importantes obtidas em relação à conservação de vacinas foi a que apenas 80% dos entrevistados acertaram a pergunta na qual o intervalo ideal de temperatura da conservadora foi questionado. Além disso, 22% dos entrevistados não sabiam que o congelamento de doses tem impacto na eficiência vacinal subsequente.
Exemplo de perguntas realizadas e o percentual de respostas de acordo com as opções. (Opção correta grifada).
Com relação à análise das conservadoras presentes em granjas, temperaturas acima do aceitável ocorreram com maior frequência durante o período de verão. No verão, 52% dos refrigeradores excederam os 8°C, enquanto em outras estações esse percentual variou entre 19% (inverno e primavera) e 24% (outono). Variações de temperatura abaixo do recomendado foram menos recorrentes, no entanto fica claro a limitação de equipamentos encontrados na rotina à campo.
Programas vacinais são um dos principais responsáveis pela eficiência e sustentabilidade da produção animal nos dias de hoje. Desta forma, se faz imprescindível que a educação de produtores seja disseminada para que a eficácia das vacinas não seja desperdiçada no ponto final e mais importante da cadeia. Como demonstrado no estudo, ainda temos espaço para melhorias em relação à conscientização sobre das boas práticas e armazenamento de vacinas a campo.
As referências bibliográficas estão com a autora. Contato via Topigs Norsvin.
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