Desde o ressurgimento do Estado de Israel, após diáspora de quase dois mil anos, ainda não se encontrou uma fórmula adequada de pôr em prática o “shemitah”, ano sabático de descanso da terra previsto na Torah. O problema é que o shemitah se tornou refém da economia contemporânea.
Conforme Levítico, o ano do shemitah deveria ser praticado a cada sete anos. Neste ano, a terra teria um descanso, a fim de ser renovada para o próximo ciclo. Levítico ainda apresenta um detalhamento de como os israelitas deveriam se portar para cumprir o ano sabático.
Era o ano em que as dívidas entre os filhos de Israel também deveriam ser perdoadas para que se possibilitasse novos começos e não houvesse pobreza entre o povo.
A exemplo de outras práticas religiosas, que por fatores diversos deixaram de existir em Israel, o shemitah também foi afetado. É quando se descobre que o “jeitinho brasileiro” é muito mais universal do que se pensa. No caso do shemitah existem artimanhas que chegam a ser hilárias.
Desde o fim do século XIX, quando começaram a se formar as primeiras colônias judaicas após a diáspora, ainda não se chegou a um consenso sobre as normas do shemitah.
Entre os radicais que defendem o fechamento dos campos agrícolas está a sugestão de que durante o shemitah se importe alimentos e se indenize agricultores que detêm poucos recursos.
A outra posição foi a de adotar o “truque” da “Licença de venda”. A treta consiste em “vender” a terra para um não judeu – um druso ou árabe que vive em Israel – durante o ano sabático. Assim os agricultores judeus poderiam cultivar a terra neste período sem problemas de consciência.
No ano seguinte a terra voltaria para o antigo dono. Houve resistência entre alguns colonos, que foram pressionados a aderir à fórmula aplicada até os dias atuais com algumas variações.
O Kibutz Lavi na Galileia, por exemplo, é formado por uma comunidade agrícola que adota este tipo curioso de venda. Jehud Gilad, rabino do kibutz, admite que a fórmula não caracteriza um ano sabático autêntico, mas “é assim que o shemitah funciona entre nós”.
Afora algumas alternativas, como a adoção da hidroponia – que evitaria mexer com terra -, a transferência da posse de terra ainda é a fórmula predominante adotada no shemitah. Mas há também os que observam o shemitah com maior rigor. Já com relação ao perdão das dívidas, ninguém ainda sugeriu uma ideia brilhante (Ref. Israelemcasa)
Por Tarcísio Vanderlinde. Ele é professor sênior da Unioeste
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