(Foto: Ítalo Guedes/Divulgação)
Uma pesquisa da Embrapa Hortaliças, em parceria com uma empresa de hortifrútis pretende produzir hortaliças em um sistema de agricultura indoor, ou seja, com ambiente fechado e controlado, sem necessidade de solo e usando iluminação artificial com luzes de LED.
Uma fazenda vertical está sendo construída pela empresa 100% Livre na cidade de São Paulo e a previsão é que a operação comece até novembro deste ano. Os resultados dos primeiros plantios serão referência para expansão a outras cidades, como o Rio de Janeiro.
“Estamos dando apenas o primeiro passo no modelo de produção controlada, mas somos muito otimistas e temos perspectiva, na visão de médio e longo prazo, de ampliação para outras frentes, como cultivo de espécies medicinais”, explica Ítalo Guedes, coordenador do projeto e pesquisador de nutrição de plantas e cultivo protegido e sem solo da Embrapa.
Na agricultura indoor, há uma total independência da produção em relação às condições de temperatura, umidade do ar ou precipitação. Esse modelo de plantio permanece sem solo ou substratos no cultivo, equipado com iluminação artificial e controle de diversas variáveis meteorológicas no ambiente, como a temperatura e umidade relativa do ar, a radiação líquida e global, a concentração de CO2 (gás carbônico) e outros.
O principal objetivo da pesquisa é definir sistemas de produção para hortaliças folhosas, como alface e rúcula, hortaliças de fruto, como tomate e morango, e hortaliças condimentares, como coentro e salsa. Em uma segunda etapa, o foco será o sistema para cultivo de brotos ou microgreens.
Do ponto de vista do mercado, a escolha das espécies cultivadas é uma etapa importante da pesquisa científica, pois hortaliças com alto valor agregado e ciclo de produção mais curto, com várias safras ao ano, garantem a viabilidade econômica do empreendimento.
“No laboratório, os pesquisadores realizam testes do modelo de cultivo vertical em pequena escala em termos de viabilidade técnica e, conforme se obtêm resultados bem-sucedidos, nós conseguimos colocar em prática em uma escala muito maior, em um patamar comercial”, comenta Diego Gomes, sócio-fundador da empresa 100% Livre.
(Foto: Ítalo Guedes/Divulgação)
A pesquisa vai considerar a produtividade em um único nível ou camada, no que se entende como plant factory, modelo mais adequado para cultivo de hortaliças de fruto, e a produtividade do cultivo em andares, conhecido como fazenda vertical, formato mais recomendado para folhosas e condimentares.
Para a avaliação do desempenho produtivo dos sistemas de produção, a equipe de pesquisa faz o monitoramento periódico das espécies cultivadas para acompanhar parâmetros como altura das plantas, diâmetro do caule, produtividade total e produtividade comercial, produção por planta, peso médio dos frutos ou peso da massa fresca das folhas.
(Foto: Ítalo Guedes/Divulgação)
Estudos iniciais com hortaliças folhosas, por exemplo, resultaram na diminuição do ciclo de produção. Variedades de alface atingiram o ponto de colheita com 25 dias após o transplante das mudas, um período dez dias inferior ao do cultivo protegido em estufas.
“Além disso, estamos fazendo a coleta da evapotranspiração dentro do ambiente, utilizando desumidificadores e, assim, conseguimos um reúso de quase 100% da água aplicada no sistema de produção. Só não é a totalidade porque parte da água é absorvida pela planta e passa a integrar a estrutura de seus tecidos”, esclarece Guedes.
"Um dos focos de nossa pesquisa é o aumento da produtividade e, quanto a isso, a verticalização da produção é importante para o aproveitamento máximo de cada metro quadrado"